Abuso de Idosos

Olá. Hoje o nosso tema é sobre abuso de idosos. Vamos começar com a história de Geraldo.

Aproximadamente 1 em cada 10 idosos com mais de 60 anos são abusados, negligenciados ou explorados financeiramente.

Ouça este conteúdo

Geraldo era viúvo e teve um AVC que o deixou impossibilitado de viver sozinho. Seu filho Carlos se ofereceu para ajudar e Geraldo se mudou para a casa dele. Só que havia um probleminha. Carlos e sua esposa trabalhavam o dia todo fora de casa e ficavam ocupados com os filhos à noite. Geraldo odiava ser um fardo para o filho e tentou cuidar de si mesmo, dentro da casa de Carlos.

Certo dia, uma amiga de Geraldo chamada Fátima foi visitá-lo. Ela ficou surpresa ao ver as roupas de Geraldo cheia de manchas de comida e feridas em suas pernas. O quarto onde Geraldo dormia, cheirava urina e mofo. Geraldo parecia depressivo e retraído, bem diferente daquele amigo cheio de alegria que elas conhecia há tempos. Fátima viu que a família estava negligenciando o cuidado com Geraldo e chamou Carlos para conversar e tentar resolver o problema. Carlos entendeu a situação que ele havia criado sem perceber e deu um jeito de organizar a vida e cuidar melhor de seu pai.

Pena que não acontece assim com todos.

Abusos podem acontecer com qualquer um, não importando a idade, sexo, raça, religião ou cor. A cada ano, centenas de milhares de adultos com mais de 60 anos, são abusados, negligenciados ou explorados financeiramente. Isto é chamado de abuso ao idoso. Abusos podem acontecer em vários lugares, incluindo seus própria casa, a casa de um amigo ou familiar, residenciais ou asilos.

Tipos de abuso

Existem diferentes tipos de abuso. Vamos tentar listar aqui os seis tipos mais conhecidos.

  • Abuso Físico: acontece quando alguém machuca o idoso por tapas, empurrões, socos ou até movimentos mais agressivos em atividades rotineiras.
  • Abuso Psicológico ou Emocional: aqui é quando as pessoas maltratam através de palavras, gritos e ameaças. Isolar o idoso da convivência de seus amigos ou familiares ou ignorar quando o idoso chama ou pede ajuda também são formas de abuso emocional.
  • Golpe Financeiro: acontece quando existe apropriação indevida de dinheiro e bens materiais. Saque de aposentadorias ou pensões, retiradas de dinheiro em espécie, utilização de cartões de crédito e etc. Alterações de contas bancárias, testamentos, beneficiário de seguro de vida ou até transferir imóveis sem a permissão do idoso. Não esqueçam dos golpes dos bilhetes premiados, processos judiciais inexistentes ou as “inocentes” ajudas nos caixas eletrônicos.
  • Negligência: ocorre quando a pessoa que cuida do idoso não responde às necessidades que a pessoa possui (higiene, alimentação, cuidados, etc).
  • Abandono: deixar o idoso sozinho sem planejamento de cuidado ou atenção.
  • Abuso Sexual: envolve forçar um idoso a assistir ou participar de algum tipo de ato sexual sem seu consenso.

Quem geralmente é abusado?

Acontece com qualquer idoso, na maioria mulheres – dos mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras com mais de 60 anos em 2017, as mulheres representam 56% e os homens 44% do total. Em grande parte são idosos que não possuem família ou amigos por perto, pessoas com algum tipo de deficiência, problemas de memória ou demência. Afeta também aqueles que depende de outros para atividades diárias, como banhos, alimentação, medicação ou que demandam cuidados intensos.

Leia Mais: Fundo de População da ONU alerta para violência contra idosos no Brasil

Como identificar sinais de abuso?

Você pode perceber sinais de abuso em situações e itens que não se dá muita importância no dia a dia. Veja alguns exemplos abaixo:

  • Marcas pelo corpo, como hematomas, cortes e arranhões
  • Roupas com rasgos, sujas
  • Objetos pessoais quebrados (ex. óculos)
  • Perda de peso súbita, desidratação
  • Cabelos e unhas mal cuidados
  • Aparência de “dopado”
  • Medo de discutir o assunto
  • Mudanças de comportamento
  • Isolamento dos amigos e familiares

Denunciando abusos

Abuso aos idosos não para sozinho. Alguém precisa fazer algo para ajudar. O estatuto do idoso foi criado para regular e assegurar os direitos dos idosos (clique aqui para baixar o Estatuto do Idoso 3a. Edição). Os idosos não são as melhores pessoas para denunciar o abuso, seja porque não conseguem ou seja por medo de represálias e piorar a situação.

Se você acha que alguém está sendo abusado, seja física, emocional ou financeiramente, tente conversar com a pessoa isoladamente (se for possível). Ofereça ajuda. Se não for possível conversar, utilize-se de tecnologia para identificar os abusos, onde e como ocorrem, se houveram movimentações financeiras atípicas, se houve mudança de testamento ou contratação de seguros que você desconhece e etc.

Existem também alguns canais que podem auxiliar:

  1. Telefone: Disque 100 – contato direto com a ouvidoria nacional dos direitos humanos
  2. Internet: Humaniza Redes – Pacto Nacional de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos
  3. Polícia: Ligue para a polícia para reportar os abusos

Você pode ajudar a quem precisa. Pense nisto.

Achou interessante? Compartilhe:


Sobre BIZZETTO, Marco Aurélio

Marco Aurélio BIZZETTO acredita que o mundo pode ser bem melhor se focarmos novamente nas pessoas e suas necessidades, respeitando suas limitações e diferenças. É especialista em Psicologia Organizacional.
Esta entrada foi publicada em Convivência, Cuidadores, Cuidados à Distância, Cuidados de Longo Prazo, Planejamento do Fim da Vida, Saúde e Bem-Estar, Segurança e Conforto com as tags , , . ligação permanente.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *