Este é o primeiro texto de uma série que vamos abordar sobre como conversar com idosos sobre assuntos delicados. Nesta primeira parte, vamos falar sobre:
- Dirigir
- Abuso de Idosos e Negligência
- Saúde Mental
- Problemas Financeiros
- Cuidados de Longo Prazo
Conviver e cuidar de idosos muito próximos demanda discutir assuntos delicados, que muitas vezes não sabemos falar, não queremos discutir ou não gostaríamos de trazer a tona. Veja aqui algumas técnicas e dicas sobre como abordar estes assuntos com os idosos e viva melhor
Conviver ou cuidar de idosos muito próximos demanda discutir assuntos delicados. Muitas pessoas e até famílias possuem um código de “não fale, não pergunte, não conte” sobre alguns problemas que os idosos estão enfrentando, como dirigir, incontinência urinária ou sexualidade. Outros pontos desafiadores e não menos importantes relacionados à idade são a perda de memória, desorientação e depressão. Mencionar sobre segurança, quedas, possíveis riscos e independência, como morar sozinho(s) ou mudar para um residencial, são assuntos banidos das conversas.
Podemos até achar estranho não falar mas ao mesmo tempo ficamos sem palavras para abordar estas preocupações, já que não temos o conhecimento e a experiência para ajudar na solução destes problemas. Neste artigo, tentamos trazer algumas técnicas para discutir sobre assuntos delicados, algumas fontes adicionais para mais informações e suporte.
Tente utilizar uma linguagem universal, sem tom ou sentido de ameaça. Comece dizendo: “Você não está sozinho, muita gente passa por isto…” ou “Algumas pessoas que tomam este mesmo remédio, tem problema com …” . Você também pode tentar um outro tipo de abordagem, como “Eu tenho que te fazer algumas perguntas, algumas delas podem ser meio bobas, mas não se ofenda…”.
Outra abordagem pode ser a de contar piadas de pessoas com situações semelhantes, com objetivo de facilitar a entrada no assunto. Claro que você precisa manter discrição e sigilo para garantir a confiança da pessoa.
Algumas pessoas evitam discutir alguns assuntos que eles acreditam não ser pertinentes. Seja por vergonha, seja por bloqueio. Uma alternativa para isto é manter folhetos informativos e materiais sobre o assunto disponíveis. Pode ser em papel impresso ou até websites que trazem informações relevantes sobre cada um dos tópicos.
A seguir, vamos descrever algumas sugestões de abordagem alguns assuntos delicados.
Dirigir
Abordar o assunto direção é um dos mais difíceis, já que dirigir está associado à sensação de independência e liberdade. Tanto a abordagem que questiona a capacidade de dirigir da pessoa quanto a auto-decisão de parar de dirigir precisam ser muito bem estruturadas.
Como outro assuntos difíceis, tente colocar que isto é uma preocupação de muita gente. Você pode tentar mencionar que determinadas doenças ou medicamento podem levar a um aumento do tempo de reação, dificuldades de enxergar, dores e problemas com controle dos movimentos e etc.
“Muitas pessoas na sua idade vivenciam problemas similares”
Se possível, alerte sobre a utilização de remédios que dão sono ou moleza, fale sobre a segurança ao volante e riscos associados e não esqueça de levantar a bola sobre alternativas de transporte.
Se não der muito certo, entre no assunto de acidentes de carro e seus reflexos, não só nas vítimas, mas em todo o círculo de vida de quem foi impactado pelo acidente.
Como falamos sobre métodos alternativos de transporte, pode ser uma boa ideia falar sobre gratuidade no transporte público, direitos dos idosos assegurados pelo estatuto do idoso, aplicativos e etc. Não esqueça também que existem muitos serviços que são realizados e entregues na comodidade de casa.
Abuso de Idosos e Negligência
Esteja alerta para os sinais e sintomas de abuso de idosos. Aproximadamente 1 a cada 10 adultos com mais de 60 anos são abusados, negligenciados ou explorados financeiramente.
Se você percebe que alguém apresenta marcas pelo corpo e comportamentos diferentes do habitual e dá explicações desconexas ou foge do assunto, isto pode ser um sinal de abuso. Fique alerta a estes outros sinais:
- Marcas pelo corpo, como hematomas, cortes e arranhões
- Roupas rasgadas, sujas
- Objetos pessoais quebrados (ex. óculos)
- Perda de peso súbita, desidratação
- Escaras
- Cabelos e unhas mal cuidados
- Medo de discutir o assunto
- Mudanças de comportamento
- Isolamento dos amigos e familiares
Idosos que sofrem estes tipos de abusos não costumam falar, principalmente aqueles com desvios de cognição, com medo da reação, do que pode acontecer no futuro, represálias ou abusos mais forte. Ao perceber, cabe a você analisar o cenário e avaliar qual é melhor método de abordagem.
Se a pessoa tem um cuidador em casa (ou até um familiar), você pode utilizar o argumento do stress. As responsabilidades de cuidar de alguém podem trazer muito stress. Stress pode levar o cuidador – ou o familiar – a perder a paciência. Se este for o caso, acompanhe mais de perto. Busque alternativas. Só não fique acreditando que a situação vai mudar sem alguém fazer nada.
Problemas financeiros
O aumento do custo com os cuidados podem fazer as pessoas não seguirem os tratamentos sugeridos. Seus amigos ou familiares podem ficar envergonhados de mencionar que estão com problemas financeiros.
Problemas financeiros podem suspender tratamentos, fazer com que os remédios não sejam mais comprados, consultas médicas canceladas e planos de saúde suspensos. Podemos também mencionar os cuidados com alimentação, cuidados em casa, riscos de acidentes e outros pontos.